Meados de Outubro, Outono posto nas folhas e no demais. Susana é contactada pelo Instituto de Sangue para saber se estaria disponível para doar células de medula óssea a um possível contemplado, como se dispôs anos antes. A resposta é imediata, sôfrega, imponderada: “claro que sim!” A emoção transborda, expande-se e há uma felicidade difícil de conter.
A estação corre e Susana sabe que voltará a ser contactada. Espera, a sua espera não é contra relógio (outra será…) e deixa que o Inverno chegue.
É no Inverno que faz exames, que percorre corredores que preferia desconhecer. A personificação do ato que se aproxima em tantas pessoas com quem se cruza nos corredores do IPO deixa-a mais impaciente, frágil e desgastada.
Já Primavera e 27 de Março desperta-a para um dos dias da sua vida. Imprevisivelmente mais calma, Susana faz a doação das células de medula óssea. Das sementes que carrega no sangue alguém poderá nascer de novo. São 7 horas de entrega, literalmente de braços abertos.
O peso de ter a vida de alguém nas mãos aproxima Susana do homem de quem sabe tão pouco. É-lhe permitido escrever-lhe, é-lhe consentida uma ligação vitalícia. Susana será mais tarde informada do desfecho da sua dádiva. Mais uma vez a sua espera não é contra relógio. Serena, Susana saber esperar por boas notícias.
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